quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Panela velha é que faz comida boa


Este parece ser o ano dos veteranos da música. Estão todos com novos trabalhos na praça e mandando super. Destaco abaixo alguns dos cds que mais me chamaram a atenção até agora.

Jimi Hendrix - People, Hell and Angels: O cara morreu faz mais de 40 anos e um cd seu com sobras de estúdio é mais relevante do que a maioria da produção atual. Se você não sabe porque Hendrix é considerado o melhor e mais influente guitarrista da história escute People, Hell and Angels e não tenha mais dúvida nenhuma. 
O trabalho é um passeio por diversas emoções. O solo da Hear my train a comin' é sobrenatural, me arrepia toda vez que ouço, já em Let me move you e Mojo Man a vontade é de sair dançando por aí. O álbum é um curso intensivo de blues, rock'n'roll e soul em 12 lições. Estude!

Seasick Steve - Hubcap Music: Seasick é um cara com uma história bem peculiar. Nascido em 1941, ele fugiu de casa aos 13 anos. Vagou pelo Tennessee e Mississipi, vivendo de pequenos bicos. Nos anos 1960 passou a excursionar com bandas de blues e a trabalhar como engenheiro de som e produtor. Também morou em Paris, nos anos 1990, onde se apresentava sozinho pelas estações de metro da cidade. Lançou seu primeiro álbum, Cheap, em 2004, aos 63 anos.
Hubcap Music apresenta uma sonoridade bem próxima do álbum anterior, You can't teach an old dog new trick, calcada em rock cru e blues eletrificado, com algum toquezinho de country music aqui e ali. Neste trabalho Seasick é acompanhado por uma banda formada pelo baterista Dan Magnusson e por ninguém menos do que John Paul Jones, ex-Led Zeppelin, no baixo, além da participação de Jack White na guitarra na faixa The Way I Do. 
O cd tem esse nome porque o instrumento que Seasick toca é caseiro, feito provavelmente por ele mesmo usando, entre outras coisas, duas calotas de roda (hubcaps). É pra ouvir no talo.

Dr John - Locked Down: Na verdade esse é do ano passado. 
Sabe pra que servem premiações e listas de melhores do ano? Para nos indicar coisas bacanas. Por exemplo, depois de ver a lista de indicados na categoria "melhor filme" no Oscar resolvi assistir um monte de filmes que, talvez, de outra forma eu não teria assistido. E no Grammy vi que este Locked Down do Dr John ganhou como melhor álbum de blues de 2012. Como já tinha visto esse álbum figurar  em várias listas de "melhores" de gente bacana no final do ano passado resolvi arriscar. E agora não consigo parar de ouvir! 
Com a produção e a guitarra de Dan Auerbach do The Black Keys o álbum tem uma sonoridade muito própria. Algo entre o rock'n'roll, soul e rythm and blues, mas o que mais me vem a cabeça ao ouvir esse trabalho são as trilhas sonoras dos filmes do Tarantino. Sabe aquele som sacana, dançante e malicioso que te faz lembrar de bares de strip tease enfumaçados? É mais ou menos isso. Imperdível. 


Deep Purple - Now What?! Eu via as notícias sobre esse cd e não dava muita bola. Veja bem, sou um grande fã dos caras. Os álbuns clássicos dos caras furaram de tanto que os ouvi e já fui em uns 3 ou 4 shows da banda. Mas sei lá, as músicas mais novas (leia-se dos 80s pra cá) nunca me apeteceram muito. Mas me deparei com o trabalho a dois cliques de distância, então porque não dar uma conferida, certo? A surpresa foi incrível! A banda está soando tão pesada e técnica quanto nos bons tempos de Machine Head. A interação entre o super guitarrista Steve Morse e o tecladista Don Ayrey (que aqui deixa pouco a dever ao grande mestre Jon Lord) é impressionante e confere lindos momentos instrumentais.
As quatro primeiras músicas são um um rolo compressor, só pedrada! Já na segunda metade do cd se ouvem mais baladas e momentos mais jazzy, mas tudo com o selo Deep Purple de qualidade. E ainda sobra tempo para a fantástica homenagem à um dos mestres do terror, o sr Vincent Price. Uma grata surpresa. 

Iggy Pop and The Stooges - Ready to Die: Que paulada! Nada de inovação, o que se ouve aqui é o massacre punk costumeiro da banda. E isso não é demérito nenhum! Poucos conseguem manter a qualidade depois de tanto tempo de estrada. Mas enquanto a grande maioria das bandas se torna cover de si mesmo, o Iggy Pop e seus Stooges tocam com a mesma pegada e atitude que tinham 40 anos atrás. Não vai mudar a história, mas a diversão é certa.

Veteranos fazendo bonito. Será que o Black Sabbath vai segurar a onda? 

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