quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Gravidade - Tess Gerritsen


 Dentre todas as pessoas que já conheci na vida, meu pai é a pessoa que mais lê. A mesa da sala dele vive lotada de livros, coisa linda de se ver. Em geral, ele comenta muito pouco comigo sobre os livros que está lendo, talvez por nossos gostos não serem tão parecidos, mas certa vez ele me mostrou este Gravidade, de Tess Gerritsen, e me garantiu "você gostaria bastante deste aqui". Passou algum tempo, mas finalmente li o volume. E não é que é adorei mesmo o dito cujo? O livro é uma ótima combinação de gêneros. A princípio é um thriller médico, mas com contornos de uma história policial e elementos de ficção científica, principalmente por se passar, em grande parte, na Estação Espacial Internacional, a ISS.
A autora norte-americana, filha de imigrantes chineses, é formada em medicina pela Universidade da Califórnia, por isso boa parte de seus livros é composta por thrillers médicos como este. Sua primeira publicação foi o conto "On Choosing the Right Crack Seed" que ganhou o primeiro prêmio em um concurso promovido por uma revista. Seu romance de estreia saiu em 1987 e desde que alcançou sucesso como escritora ela tem se dedicado apenas a isso, deixando a carreira como médica de lado.
 A primeira analogia que me veio a cabeça ao ler Gravidade foi "e se o Dr House estivesse em Alien, o oitavo passageiro?". Guardadas as devidas proporções é exatamente esta a proposta de Gravidade, mas ao invés do famoso ranzinza e sua equipe, o livro traz como personagens principais os médicos Jack McCullum e Emma Watson, um ex-casal. Ambos os personagens fizeram treinamento na NASA, mas apenas Emma conseguiu de fato se tornar uma astronauta, uma vez que Jack já teve pedra no rim, uma condição médica que o impossibilita de permanecer em microgravidade segundo as normas da agência espacial. A história começa com a ida da Dra Watson à ISS, onde ela logo enfrenta uma grande crise quando um de seus companheiros adoece gravemente e ela, como médica à bordo, deve, além de cuidar de seu paciente, tomar importantes e difíceis decisões.
A simpática Tess Gerritsen
Assim como os mestres Asimov e Clarke, Gerritsen tenta ancorar sua história em ciência real, tendo em sua vantagem o fato da mesma se passar nos dias atuais, não em um futuro distante, e em veículos e estações que existem de verdade. Cada capítulo é recheado de informações interessantíssimas sobre a vida dos astronautas e todo dia-a-dia da NASA, acredito até ter sido este o aspecto que mais me fascinou na obra. Mas diferentemente das histórias contemplativas e filosóficas destes autores clássicos da ficção científica, Tess conduz aqui uma história frenética, lotada de cenas empolgantes, desde o primeiro capítulo, que se passa em submarino, até sua conclusão. Assim, o livro não é indicado apenas para nerds aficcionados por ficção científica hard, mas também para quem gosta de aventuras com correrias contra o tempo, mistérios e desafios a serem superados pelos personagens.
A autora consegue transmitir todo o desenvolvimento da ação de forma clara e fácil e as imagens se formavam automaticamente na minha mente. O livro é um roteiro pronto para o cinema, lendo-o me sentia como vendo um filme durante todo o tempo. Acredito que o único motivo da publicação não ter sido levada às telas é o fato de que os ônibus espaciais, tão importantes no desenvolvimento da história, foram aposentados poucos anos após seu lançamento (1999). Ainda assim, se eu fosse produtor de Hollywood, apostaria fácil em uma adaptação para as telonas.

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